Colorir o aparelho por conta própria pode ser perigoso!

Uma nova moda vem preocupando os dentistas: o uso, pelos pacientes, de borrachinhas ortodônticas coloridas para aparelhos dentários sem nenhum acompanhamento. E pior, compradas em sites da internet junto com outros produtos voltados para quem usa aparelho. O resultado da “brincadeira” pode ir da perda de dente até o surgimento de doenças.

O aparelho dentário convencional é feito em aço inoxidável graças a sua biocompatibilidade e resistência. Ele é fixado nos dentes com substâncias adesivas adequadas e composto por bandas (em volta de um ou a vários dentes, utilizadas como âncora para o aparelho), fios, elásticos e brackets (peça colada ao dente). Num tratamento normal, o paciente visita o ortodontista uma vez ao mês para que o aparelho seja “apertado”, pois, por meio disso, os dentes gradualmente vão para a posição correta. Os adeptos da novidade, no entanto, além de não procurarem o profissional para a manutenção, compram as peças pela internet, colocam-nas nos dentes sozinhos em casa e fazem as trocas de fios e elásticos sem terem nenhum preparo para isso.

Trocas 

Todas as vezes que as ligaduras são trocadas é promovida a aplicação de força nos dentes, que, entre outras variáveis, é o que vai provocar a movimentação dos mesmos para a devida correção. Porém, para que este movimento aconteça, é necessário ocorrer a remodelação da estrutura de suporte, ou seja, do tecido ósseo e gengival. Estes sofrem uma série de modificações para que o dente se movimente. O controle de todo esse processo só pode ser feito pelo especialista para que tudo aconteça dentro do tempo certo e nas condições adequadas. Assim, trocas frequentes de elásticos significam aplicação de força constante, o que poderá acarretar desde a perda da estrutura de suporte (osso e gengiva) até a perda dos dentes nos locais em que esses elásticos estão apoiados. Somente o especialista está capacitado a reconhecer o momento certo de trocar as ligaduras e qual força deve ser empregada para cada caso.

Pior ainda é o que pode acontecer com a troca também dos fios ortodônticos: para cada fase do tratamento é recomendado um tipo de liga metálica, com distintas propriedades mecânicas, e só o ortodontista tem a capacidade de, com seu conhecimento embasado principalmente em evidências científicas, determinar qual a liga metálica indicada à fase de tratamento em que o paciente se encontra e suas individualidades.

Biossegurança 

Outro ponto importante é a qualidade e origem dos produtos comercializados na internet. Os usados em consultório são regulamentados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Pessoas estão comprando esses itens pela internet, até em rede sociais, ou seja, sem controle nenhum. É importante uma investigação da citotoxicidade (propriedade de uma substância de ser tóxica) desses itens, para se obter informações das suas potencialidades irritantes, pois estarão sendo usados dentro da cavidade oral. O fio ortodôntico pode até oxidar os elásticos, se liberarem substâncias tóxicas, podem causar irritação e provocar sangramento gengival. A longo prazo, por efeito cumulativo, podem até causar alterações sistêmicas que podem provocar doenças.

Mais um passo para a cura do câncer

Um dos grandes obstáculos no tratamento do câncer, principalmente em seus estágios terminais, quando as metástases já se espalharam pelo corpo, é matar os tumores sem, no entanto, matar o doente antes. As altas doses de radiação ou quimioterapia necessárias para eliminar as células tumorais também atacam as saudáveis, debilitando os pacientes a um ponto em que seu organismo não consegue mais funcionar. É algo como tentar regar um vaso com uma mangueira de incêndio: a água em excesso acaba por matar a planta. Agora, porém, cientistas da Universidade de Michigan descobriram um mecanismo biológico capaz de proteger o trato gastrointestinal dos danos das terapias e mantê-lo em funcionamento, aumentando exponencialmente as chances dos pacientes sobreviverem a quantidades normalmente letais de remédios ou radiação.

– Acreditamos que isso eventualmente vai permitir a cura do câncer mesmo em estágio terminal. Se nossas previsões estiverem corretas, as pessoas não vão mais morrer de câncer – afirma Jian-Guo Geng, professor da Universidade de Michigan cujo laboratório foi responsável pela descoberta, publicada em artigo na edição desta semana da revista “Nature”. – Todos os tumores em diferentes tecidos e órgãos podem ser eliminados por altas doses de quimioterapia ou radiação, mas o desafio atual no tratamento do câncer em estágio terminal é que na verdade matamos os pacientes antes de matarmos os tumores. Mas agora temos uma maneira de fazer com que os pacientes tolerem doses letais de quimioterapia ou radioterapia. Dessa forma, o câncer pode ser erradicado com crescentes doses de ambas.

Geng e sua equipe descobriram que certas proteínas se ligam a moléculas específicas nas células-tronco intestinais, responsáveis por naturalmente reparar danos nos órgãos e tecidos locais, fazendo com que elas se multipliquem rapidamente. Quantidades normais destas células não conseguem fazer frente ao estrago causado pelas doses maciças de remédios ou radiação capazes de eliminar o câncer metastático, mas com seu exército reforçado o trato gastrointestinal pode continuar em operação. Isso permite que o corpo dos pacientes continue a absorver nutrientes e a realizar outras funções ao mesmo tempo em que impede que as bactérias presentes no intestino invadam a corrente sanguínea, o que, diz Cheng, dá a eles maiores chances de sobreviverem a doses cada vez maiores dos tratamentos até que os tumores sejam erradicados.

No estudo, feito em camundongos, 50% a 75% dos animais que receberam as proteínas toleraram quantidades de quimioterápicos que de outra forma seriam letais, enquanto nenhum dos camundongos do grupo de controle, que ficaram sem as proteínas, morreram. Cheng destaca, porém, que o método ainda não foi testado em humanos, então não há como saber se o trato gastrointestinal das pessoas seria preservado como o dos animais. Além disso, diz, mesmo que no futuro o tratamento se prove eficiente em humanos, ainda seriam necessários pelo menos dez anos para ele ficar disponível para uso nos hospitais.

– Por enquanto, encontramos apenas uma maneira de proteger os intestinos de camundongos – reconhece. – Nosso próximo passo é atingir uma taxa de sobrevivência de 100% dos animais que tiveram as proteínas injetadas e receberam doses letais de quimioterapia e radioterapia.